Categoria: IBGT na MÃdia
Um grupo de executivos especializados em reestruturação de empresas acaba de criar no paÃs o Instituto Brasileiro de Gestão e Turnaround (IBGT), uma entidade sem fins lucrativos que tem como objetivo ensinar as empresas como evitar crises ou ajudá-las a sair de uma. É a primeira entidade desse tipo no Brasil, onde estima-se que os bancos carreguem até R$ 54 bilhões em créditos problemáticos de empresas. No mundo, há entidades semelhantes nos Estados Unidos e na Inglaterra.
A dificuldade generalizada da indústria no último ano, com notÃcias diárias sobre negociações com credores e calotes, levou o grupo a se unir. “Queremos ajudar as empresas para que elas sigam vivas, com um executivo no lugar do sÃndico da massa falida”, diz o presidente do IBGT, Jorge Queiroz. Segundo ele, só no ano passado foram registradas 4,5 mil falências no paÃs.
Queiroz já trabalhou na reestruturação da Iochpe, Eluma e na Encol. Na incorporadora, pegou um perÃodo difÃcil, entre a saÃda do sócio Pedro Paulo de Souza e a falência da empresa, e comandou uma auditoria que norteou os trabalhos da empresa de investigação Kroll, recém-encerrados. Hoje, é o sócio principal da Alliance Partners.
Entre as áreas de atuação do IBGT estão a realização de pesquisas sobre recuperação, revitalização e renovação de empresas, inclusive com estudo de casos, seminários, orientação jurÃdica e fiscal e treinamento. “Muitas vezes, em empresas pequenas e médias, há problemas sucessórios ou de posicionamento de marcas e falta um direcionamento. Sem ele, no futuro, essas companhias podem acabar em uma crise. É isso que queremos evitar. O IBGT terá também um caráter de prevenção de crises”, explica.
Os conselheiros do instituto dizem que hoje, no Brasil, não há escolas de administração que incluam em seu currÃculo disciplinas voltadas exclusivamente ao estudo do “turnaround” (recuperação, reestruturação) e que esse é também um dos objetivos do IBGT, já que a área prescinde de conhecimentos financeiros e jurÃdicos especÃficos, além de muito jogo de cintura.
Em todo o mundo, os “consertadores” de empresas são um grupo de executivos à parte. Na maior parte das vezes, foi a própria carreira que os levou a acumular essa experiência. São casos como o de Carlos Ghosn, hoje na Nissan do Japão, que ganhou até história em quadrinhos, Cláudio Galeazzi (Artex, Lojas Americanas), Manoel Horácio da Silva (Sharp, Vale do Rio Doce), Luiz Antonio Viana (Pão de Açúcar, BR Distribuidora) e Alcides Tápias (Camargo Corrêa e agora, grupo OESP).
Além da área acadêmica, o IBGT quer aprofundar o estudo do “turnaround” e de seu desenvolvimento no paÃs com seminários. O primeiro evento será um fórum internacional sobre renovação de empresas, em agosto, em que será discutida a nova lei de falências. Estão previstas as participações do BNDES, da CVM, executivos e bancos. De acordo com Queiroz, a nova lei prioriza a preservação da empresa, recuperando sua saúde financeira e operacional. “Isso vai ao encontro dos objetivos do instituto, que pretende oferecer as condições necessárias para viabilizar a recuperação da empresa em crise.”
Segundo ele, com a nova lei, a recuperação poderá ser feita independentemente dos controladores – em casos extremos, até com a intervenção judicial para afastar os administradores. A lei também permite que o juiz indique um administrador profissional e um comitê de gestão, com funcionários e credores. “É um avanço na prática do direito falimentar, equiparando o Brasil aos paÃses desenvolvidos”, explica.
Data de publicação: 05/05/2003
Fonte/Autor: Raquel Balarin, Valor Econômico, São Paulo